BICHO DA TERRA
É quando estás de joelhos
que és toda bicho da Terra
toda fulgente de pêlos
toda brotada das trevas
toda pesada nos beiços
de um barro que nunca seca
nem no cântico dos seios
nem no soluço das paernas
toda raízes nos dedos
nas unhas toda silvestre
nos olhos toda nascente
no ventre toda floresta
em tudo toda segredo
se de joelhos me entregas
todos os frutos da Terra
David Mourão-Ferreira
Manuel Ribeiro de Pavia (Pavia, Mora, 19 de Março de 1907 — Lisboa, 19 de Março de 1957) foi um pintor e ilustrador português, neo-realista.
É especialmente conhecido como ilustrador, domínio onde exerceu influência determinante nas modernas artes gráficas portuguesas, quer através de capas, quer de ilustrações que realizou para obras de escritores seus contemporâneos
Assim, como ele era, simplesmente, um Alentejano!
Da década de quarenta do Séc. passado.
Hoje, infelismente, actual!!!
De Francisco Ralete, natural de Alegrete temos as seguintes Décimas
MOTE
Diz a mulher ao marido
não sei o que hei-de fazer
tu fartas-te de trabalhar
e não ganhas para comer
I
Anda ver estas crianças
que mandei deitar sem ceia
às escuras sem candeia
como se fosse por vingança
no almoço não há esperança
onde elas têm o sentido
o meu corpo esta esvaído
quase não posso andar
lastimando-se quase a chorar
diz a mulher ao marido
II
Levantam-se a gritar
que até corta o coração
coitadas querem o pão
e eu não tenho para lho dar
não tenho almoço nem jantar
não tenho nada de comer
só Deus me pode valer
e deito-ma apoquentada
Não tenho azeite não tenho nada
não sei o que hei-de fazer
III
Para que matas o corpo
para que vives sem alegria
trabalhas de noite e de dia
e daqui amanhã estás morto
o teu patrão arranja outro
para ir para o teu lugar
cá estou eu para me ralar
sem ter a que deitar mão
fico sem linhas e sem sabão
e tu fartas-te de trabalhar
IV
Não temos tição nem brasa
aqui morremos ao frio
aí vem o senhorio
pedir a renda de casa
ralhando porque se atrasa
eu disso não quero saber
venho para o receber
quer vocês o tenham ou não
vai e diz ao teu patrão
que não ganhas para comer
De: ANTÓNIO RAMOS ROSA, in "Não posso adiar o coração"
MONÓLOGO
Perdi a infância e as grandes horas
e procuro numa árvore não sei que intimidade
como se um sol para as mãos nascesse deste olhar
mas a inocência é rápida como o brilho
silênciosa
e existe em si mesma.
Uma forma, sim, sempre silenciosa
dia a dia nascida da surpresa e constância
dia a dia nascida da inocência, mas
como fugir a esta inútil presença?
Vitor Pereira ficou triste!
Pinto da Costa afirma que a Liga queria que o resultado fosse 3 - 2.
Vitor Pereira, treinador, esteve a exercer o seu mister nos Açores, por isso só lhe digo:"t'ás asno!!!"
Quanto Pinto da Costa que, depois de ter secundado as palavras do seu treinador, se apressou a dizer que a Liga Portuguêsa da Futebol, queria que o resultado tivesse sido 3 - 2, tendo para isso mostrado para as câmaras o site da Ligaem que era transmitida essa informação era o que afirmava. Tudo bem montado, a Liga, vem confirmar e pedir desculpa pelo erro e sacudir a água do capote para cima de um qualquer terceiro, que lhe fornece esse serviço e que teria cometido tão grosseiro erro. Essa coisa dos "privados" tem destas anomalias e depois a culpa nunca é de ninguém. Mas agora, vamos supor uma outra coisa. Suponhamos que, num teatro tão bem montado, sabe-se que o "erro", se se puder chamar erro", esteve no ar, 35 segundos e prontamente emendado, como é que Pinto da Costa tem dele tão rápido conhecimento, precisamente a tempo de o revelar na entrevista do final do jogo?
Não haverá por aí outra "fruta", encomendada a alguém que erra prpositadamente? Especulo, como é evidente mas, o jogo já tinha acabado eu, que tinha ouvido o relato sabia o resultado logo, todos os que ouviram o relato sabiam o resultado. Outros viram na SPORTV, porque infelismente não é transmitido em sinal aberto, e ficaram a saber o resultado, para quê o número de circo?
Quanto ao árbitro e às considerações portistas sobre o seu trabalho, remeto para as palavras de Pinto da Costa, recordadas pelo presidente benfiquista.
Já é tempo desses personagens assumirem o seu papel de"HOMENS"e deixarem de ser"palhaços"!!!
DISCUSSÃO
— Desconfio que a democracia não resulta. Juntam-se astronautas, bodes, camponeses, galinhas, matemáticos e virgens loucas e dão-se a todos os mesmos direitos. Isso parece-me um erro cósmico. Desculpa.
Desculpei mas fiquei ofendido. Que a democracia era aquilo mesmo, e ainda com conversa fiada como brinde, isso sabia eu. Que viessem dizer agora outra coisa. Fiquei ainda mais ofendido, até porque não gosto de erros cósmicos. Acho um snobismo.
— Eu sou democrático — rugi entre dentes, como resposta — Tenho amigos no exílio, todos democráticos. Foram para lá por serem democráticos. É um sacrifício que poucos fazem, ir para o exílio e ser professor universitário exilado e democrático. Eras capaz de fazer isso?
— Não sou democrático.
Não havia resposta a dar. Nenhuma. ele não era democrático, não sabia da democracia.
Eu sim, sou democrático, até já quis ir à América, que me afirmaram que lá é que é a democracia.
Recusaram-me o visto no passaporte, disseram que eu era comunista! Viram isto!?
in, “Contos do Gin-Tonic”
Mário-Henrique Leiria
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