Domingo, fim de Março, o tempo convida e uma deslocação à Caloura a casa do pintor Tomaz Vieira, mergulharmos num ambiente de sonho e de prazer.
Para os que não conhecem, podem-lhe tomar o pulso, aqui:
Estas "Mãos", são uma amostra do muito que se pode apreciar, para além de uma paisagem, sem mácula e de um ar, que apetece respirar.
Como homenagem ao esforço e dedicação que Tomaz Vieira e família, têm dedicado à causa da cultura e, não esquecendo, a escultura apresentada, nada melhor que um poema. "AS MÃOS", de Manuel Alegre. As mãos
Com mãos se faz a paz se faz a guerra. Com mãos tudo se faz e se desfaz. Com mãos se faz o poema – e são de terra. Com mãos se faz a guerra – e são a paz.
Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra. Não são de pedras estas casas mas de mãos. E estão no fruto e na palavra as mãos que são o canto e são as armas.
E cravam-se no Tempo como farpas as mãos que vês nas coisas transformadas. Folhas que vão no vento: verdes harpas.
De mãos é cada flor cada cidade. Ninguém pode vencer estas espadas: nas tuas mãos começa a liberdade.
Ontem, ocorreu, no Palácio de Santana, residência oficial do Presidente do Governo dos Açores, o lançamento do livro de Manuel Alegre, "ESCRITO NO MAR". Livro de poemas, sobre os Açores, resultou de uma repescagem de poemas, já anteriormente publicados, em obras várias, que juntamente com outros, inéditos, ganharam forma e uma nova vivência. O livro, editado pela Sextante Editora, numa edição bilingue, conta ainda com as fotografias de, Jorge Barros. A apresentação da obra foi feita por Vasco Pereira da Costa, Secretário Regional da Cultura. Deixo-vos um poema:
Iniciação
Gostava de aprender a linguagem do peixe. O recado do golfinho para o golfinho. A fala da baleia. Ou o grito da gaivota para a gaivita. O som inarticulado de qualquer latido. Ou o simples zumbido. Ou o silêncio carregado de sinais. Talvez então o sentido primordial. O ritmo inicial e iniciático do poema. A batida do mar. A batida do vento. A batida da terra.
Durmo a sesta numa curva do coqueiro ouço a orquestra que toca para o mundo inteiro pode ser longa a viagem no teu quarto a miragem da cascata sobre um livro tomo banho apenas na água da chuva alaguei-me de amor junto ao veleiro E fazer mais de mil versos prós amigos e emaranhar a dor num sol de risos
De longe em longe lancei o meu arco berço de redes aromas de quarto fui buscar pedaços aos telhados fui buscar pedaços aos telhados Durmo a sesta numa curva do coqueiro ouço a orquestra que toca para o mundo inteiro pode ser longa a viagem no teu quarto a miragem da cascata sobre um livro
No fim da rota cheguei a uma gruta encontro a moça no musgo dormita fica o som suspenso o mês inteiro fica o som suspenso o mês inteiro
Durmo a sesta numa curva do coqueiro ouço a orquestra que toca para o mundo inteiro tomo banho apenas na água da chuva alaguei-me de amor junto ao veleiro
Dançam duendes sobre um lamaçal soltam em bolhas mais um festival saltaricam jogos tagarelas num banho profundo desta ria
Durmo a sesta numa curva do coqueiro ouço a orquestra que toca para o mundo inteiro E fazer mais de mil versos prós amigos e emaranhar a dor num sol de risos
Durmo a sesta numa curva do coqueiro ouço a orquestra que toca para o mundo inteiro Durmo a sesta numa curva do coqueiro ouço a orquestra que toca para o mundo inteiro
Dizem os "mídia", que hoje é "Dia Mundial da Poesia".
Tudo bem, mas eu que não sou de dias e que, por hábito, gosto de deixar aqui a poesia de que gosto, vou aproveitar e deixar hoje, "José Gomes Ferreira".
XLVI
(Finjo que não vejo as mulheres que passam, mas vejo)
De súbito, o diabinho que me dançava nos olhos, mal viu a menina atravessar a rua, saltou num ímpeto de besouro e despiu-a toda...
E a Que-Sempre-Tanto-Se-Recata ficou nua, sonambulamente nua, com um seio de ouro e outro de prata.
Fui, sempre, muito ligado às ciências., no entanto a literatura de ficção e de antecipação científica, nunca me atraíram de sobremaneira. A morte de Arthur C. Clarke, no entanto, tocou-me fundo e depois, ao visitar o meu amigo, www.carnecrua.com.br, não pude deixar de pegar, nesta capa e mostrá-la aos meus amigos e visitantes. Sei que vai fazer as delícias de muitos!
Acabo de ler uma notícia, que me lembrou a última viagem que o Paquete Funchal fez, estabelecendo a ligação entre os Açores, a Madeira e Lisboa. Tive o privilégio de ser, com a minha familia, passageiro dessa maravilhosa viagem, corria o ano de 1975. Hoje, leio que uma companhia de navegação canária, vai refazer as ligações, desta vez, ligando dois destinos de forte pendor turistico, o Funchal com Portimão. A Madeira com o Algarve e mais, com Marrocos e, evidentemente as Canárias. Eu, aqui nos Açores, pergunto-me, e nós, os que por aqui estamos sedeados, como é? Estamos entregues ao monopólio SATA/TAP e nada de alternativas? É altura do Governo Regional, mexer os pausinhos e juntar-se a este movimento. Era um passo de grande importância para o desenvolvimento estruturado, deste conjunto de Ilhas, do mais lindo que há no MUNDO.
Fomos, este ano, surpreendidos por uma Páscoa, demasiado temporã, razão porque tanta gente pergunta: Porque é, que a Páscoa é tão cedo este ano?
Depois de consultas exaustivas, chegamos a esta conclusão:
A Páscoa é sempre o primeiro Domingo, depois da primeira lua cheia, depois do equinócio de Primavera (20 de Março). Esta datação da Páscoa baseia-se no calendário lunar que o povo hebreu usava para identificar a Páscoa judaica, razão pela qual a Páscoa é uma festa móvel no calendário romano.
Este ano a Páscoa acontece mais cedo do que qualquer um de nós irá ver alguma vez na sua vida! E só os mais velhos da nossa população viram alguma vez uma Páscoa tão temporã (mais velhos do que 95 anos!).
1)A próxima vez que a Páscoa vai ser tão cedo como este ano (23 de Março) será no ano 2228 (daqui a 220 anos). A última vez que a Páscoa foi assim cedo foi em 1913.
2)Na próxima vez que a Páscoa for um dia mais cedo, 22 de Março, será no ano 2285 (daqui a 277 anos). A última vez que foi em 22 de Março foi em 1818. Por isso, ninguém que esteja vivo hoje, viu ou irá ver uma Páscoa mais cedo do que a deste ano.
Quem ouve, todos os dias, a ministra, os seus secretários ou os demais componentes do governo, ou ainda os membros do PS, como eu, não pode deixar de sentir uma indignação crescente. Desde sempre que rostos e formas de falar dessa gente, que tem a certeza de tudo e que só o que eles fazem é o certo e o correcto, me deixam os nervos em franja. Eu que sempre, enquanto pai, acompanhei os meus filhos, fiz parte de associações de pais, dialoguei com professores e que hoje tenho os meus filhos formados, homens e mulher de caracter e que tenho netos que já andam em bolandas, por causa desse ministério de deseducação, junto a minha voz, àqueles cem mil que, na capital do império, gritaram bem alto, mas não o suficiente para que se oiçam, na esperança. ténue, de que alguém oiça e trave, de vez, esta situação que tende a resvalar para um beco sem saída.