AMARGA REALIDADE
No meu Alentejo amargurado,
A cotovia, em vez de cantar, chora.
O ganhão já não toca o gado,
Ao romper da bela aurora.
Nem o pastor sai da cabana
Para o rebanho apascentar.
A mondadeira alentejana
Não canta, a papoula está a chorar.
Nos montes já ninguém mora!
Das vilas estão a emigrar
Braços que o Alentejo adora.
Mulher e filhos vão deixar;
Como a cotovia que chora
Em vez de alegremente cantar!
Manuel João Manços
in, Voz Insurrecta