Da década de quarenta do Séc. passado.
Hoje, infelismente, actual!!!
De Francisco Ralete, natural de Alegrete temos as seguintes Décimas
MOTE
Diz a mulher ao marido
não sei o que hei-de fazer
tu fartas-te de trabalhar
e não ganhas para comer
I
Anda ver estas crianças
que mandei deitar sem ceia
às escuras sem candeia
como se fosse por vingança
no almoço não há esperança
onde elas têm o sentido
o meu corpo esta esvaído
quase não posso andar
lastimando-se quase a chorar
diz a mulher ao marido
II
Levantam-se a gritar
que até corta o coração
coitadas querem o pão
e eu não tenho para lho dar
não tenho almoço nem jantar
não tenho nada de comer
só Deus me pode valer
e deito-ma apoquentada
Não tenho azeite não tenho nada
não sei o que hei-de fazer
III
Para que matas o corpo
para que vives sem alegria
trabalhas de noite e de dia
e daqui amanhã estás morto
o teu patrão arranja outro
para ir para o teu lugar
cá estou eu para me ralar
sem ter a que deitar mão
fico sem linhas e sem sabão
e tu fartas-te de trabalhar
IV
Não temos tição nem brasa
aqui morremos ao frio
aí vem o senhorio
pedir a renda de casa
ralhando porque se atrasa
eu disso não quero saber
venho para o receber
quer vocês o tenham ou não
vai e diz ao teu patrão
que não ganhas para comer
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
. ...
. ...
. A poesia de Fernando Pess...
. TENTEMOS UM RECOMEÇO, PEL...
. É BOM OUVIRMOS OS "MAIS V...
. MUDANÇAS