Apresso-me a expressar os meus mais sinceros parabéns por tal efeméride.
Trinta anos num jornal, que trata de Cultura, deve ser realçado, mas atenção, no melhor pano cai a nódoa e ela,está expressa na página seis da edição do aniversário.Quando se fala e destaca, os "200 Anos de Herculano" a imagem que nos deixam, se bem que da autoria de Columbano, é de Antero de Quental.
Falha inaceitável, ainda por cima acentuada na legenda.
Vamos lá a dar a volta ao texto e colmatar esse erro que, se em nada belisca o passado de uma publicação que nos habituou ao rigor, pode induzir a que no futuro, já assim, não seja.
Como sabem, estou de férias mas este facto, não me impede de estar atento e de valorizar o que merece ser valorizado.
Não vou discorrer mais, sobre o filme em causa, soa a falar da própria casa, por isso vou dar a palavra a outros e neste caso particular a uma amiga, a Emiéle do Pópulo, deixando-lhes o texto que dedicou a esta obra, do Zeca Medeiros.
É aquilo a que se chama, um "copy paste" integral, mas, com todo o merecimento. Eu, fiquei sem palavras!!!
Foi graças ao aviso do amigo José Palmeiro, (alentejano mas açoriano por afinidade) que não o deixei passar. A verdade é que, apesar de a rtp2 ser o canal de tv que vejo com mais frequência, mesmo assim não estou atenta a tudo o que por lá passa e acontece arrepender-me ter deixado escapar uma ou outra emissão que era importante ver. Não foi o que aconteceu este Domingo, depois das 10:30. Como estava prevenida, pude assistir ao filme «ANTHERO - O PALÁCIO DA VENTURA» Um filme português. Um filme açoriano. Isto no melhor dos sentidos. Dos Açores nos têm vindo grandes pensadores, escritores, actores, artistas plásticos, poetas, cantores, e até realizadores como se prova com este filme. Reflectir sobre o que foi Antero de Quental, o seu pensamento, a sua vida, a sua obra, a sua morte, era uma grande empresa. A que José de Medeiros e uma bela equipa deitou mãos. Com sucesso inquestionável! A fórmula encontrada foi inteligente: não vimos um «filme histórico-biográfico», nem foi uma fantasia, descobrimos um filme-dentro-do-filme, mostraram-nos como se constrói um filme os seus alicerces, os seus bastidores. Vamos, durante hora e meia, acompanhando uma equipe de tv desde a análise do tema, a discussão de como se vai processar a filmagem, a escolha dos momentos e dos actores, a questão financeira, e vamos apreciando simultâneamente o ‘resultado’ das escolhas que vão sendo feitas. Antero aparece-nos através dos depoimentos dos seus amigos e conhecidos, recolhidos por alguém que lhe quer escrever a biografia, e também por aquilo que vai revelando de si mesmo pelos seus textos e poemas. Antero, já o sabemos é uma personalidade riquíssima, com facetas que como notou António Sérgio no prefácio aos Sonetos, que vão do ‘luminoso’ ao ‘nocturno’ (hoje, talvez se lhe chamasse bipolar...) e isso perpassa em todo o filme. Paixões, verdadeiras paixões e não apenas no sentido amoroso, marcaram-lhe toda a vida. O homem que dá 7 minutos a Deus, durante uma tempestade, para que o fulminasse, mas que também escreve «Na mão de Deus, na sua mão direita / Descansou afinal meu coração» .... E o filme de José de Medeiros consegue dar-nos essa riqueza, essa personalidade fascinante e dividida. Muito bem apoiada a realização por um grupo de actores que se sentia estarem ali de alma e coração, viverem os seus papeis intensamente - para além da sorte (?) do actor-Antero ser, fisicamente, igual à imagem do poeta! Parabéns cinema. Parabéns Açores.
PS - «Mas, excelentíssimo senhor, será possível viver sem ideias? – esta é que é a grande questão» (Antero na 'Questão Coimbrã')... e tão actual!
É que ontem, 10 de Agosto, passava mais um aniversário deste canal regional.
Quanto à sua ida aos outros canais da empresa, ainda nada se sabe a não ser que haja um milagre e que a RTP- 2, o programe para o dia 11 de Setembro, data do suicídio do poeta.
Andam rumores pelo ar, esperemos que passem o mar.
Numa passagem pelo "Público", dou com, esta notícia.
Ora eu, que passo quase diáriamente, frente à casa onde Anthero nasceu, cresce-me um terrível mal estar, verificar a descaracterização a que, esta, está votada.
Nela está instalada, uma casa comercial que descaracterizou a frontaria, colocando portas de vidro, que nada dizem a quem passa, da carga histórica da residência.
De resto só a lápide, insercta na frontaria, indica o sucedido.
Veremos se existe coragem, para a devolver à comunidade, aproveitando, como neste caso, de Vila do Conde para realçar o nascimento e vivência desta importante referência cultural, que sob a "âncora da esperança", decidiu partir.
Vai começar amanhã, dia 12, na cidade da Horta o périplo do filme de José Medeiros, para se dar a conhecer, à maior parte dos Açorianos e demais portugueses.
Segue-se, Angra do Heroísmo dia 13 e retorno a S. Miguel, para se apresentar dia 15 na Ribeira Grande. Depois parte para o continente onde será presente, dia 20 em Tondela, dia 21, em Coimbra, dia 23, no Porto, dia 24 em Lisboa e dia 25 em Faro.
Atravessará depois o Atlântico e apresentar-se-à em Boston no dia 28.
Por fim, esperam-se outras viagens e outras mostras, com especial incidência na Diáspora Açoriana.