Voltei!!!
Veremos se a inspiração e o tempo, disponível, me vão permitir uma maior e mais eficaz assiduidade.
MAIS VALE PREVENIR
O ditador estava satisfeito.
O dia tinha-lhe corrido bem.
Mandara fuzilar dezoito opositores, espancar sete jornalistas,
prender quinze intelectuais e expulsar quatro diplomatas
estrangeiros.
Não há dúvida que tinha sido um dia realmente cheio.
Meteu-se no Rolls blindado e, recostado
no banco de trás, ia pensando...
No dia seguinte.
Na destruição da sede do Sindicato,
na prisão do es-Primeiro-Ministro, no interrogatório de alguns detidos,
na tortura dos mais renitentes...
...um sorriso matreiro invadiu o rosto do ditador.
Pelo telefone do automóvel, ordenou a destruição imediata da
sede do Sindicato, a prisão do ex-Primeiro-Ministro
e o acelerar das torturas.
Só depois disso se encostou, de novo, satisfeito.
O seu lema sempre fora:
<<... Não guardes para amanhã, o que podes fazer hoje!>>
in "O Gaço de Barcelos ao Poder" de João Viegas
Desculpa lá óh Vinícios, mas tinha mesmo que ser assim chamado!!!!
Ora bem, por muito afastado que tenha andado, esta é a minha casa e por isso tenho que cá voltar, agora com uma regularidade irregular mas voltar, SEMPRE!!!
Volto, com mais uma história de João Viegas e do seu "O Galo de Barcelos ao Poder".
BANCO É
Entrei no Banco
Como de costume, as pessoas, no interior, acotovelavam-se
formando magotes.
Coloquei-me numa das longas bichas para as caixas.
Lentamente a bicha foi avançando.
Quando só faltavam dois clientes para serem atendidos,
o funcionário colocou no guichet o cartaz
"Encerrado para Almoço" e foi-se embora.
Fiquei furioso.
Comecei a gritar, ameaçando fazer queixa ao gerente.
Afirmei, para quem quis ouvir,
que <<dantes não era assim!!!>>
E que, <<Talvez não soubessem com quem estavam a lidar!>>
Fiz tamanho escarcéu que o caixa voltou atrás e abriu,
de novo, o guichet, especialmente para me atender.
Só, então, saquei do revóver e gritei, imperioso:
<<Mãos ao ar! Isto é um assalto!!!>>
CONSTÂNCIA
Tinha quinze anos quando me apaixonei pela primeira vez.
Ela tinha também quinze anos.
Tinha vinte e doi anos quando me apaixonei pela segunda vez.
Ela tinha quinze anos.
Tinha quarenta e sete anos quando me apaixonei pela terceira vez.
Ela tinha quinze anos.
Tenho sessenta e três anos e apaixonei-me pela quarta vez.
Ela tem quinze anos.
Não sei porque é que agora começaram a chamar-me libidinoso!
João Viegas
in: "O galo de Barcelos ao Poder", Moraes Editora-1983
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