Terça-feira, 28 de Novembro de 2006
Como todos os dias, pela manhã, comprei os jornais para ver como as realidades do meu país e do mundo, são trazidas ao nosso conhecimento.
Se a maioria delas nos são colocadas, conforme o interesse e / ou a prespectiva de quem as escreve, outras há que são cruas e que só nos dizem o que realmente sucedeu. É assim a necrologia, e foi aí que soube da morte do Rui Rodrigues Pereira, meu amigo de infânci, um tudo nada mais velho que eu, mas que em nada impediu que nos mantivessemos juntos, até que ele acabou o ensino secundário, deixou Estremoz e rumou à Universidade.
A vida, no interior do país era assim e este, era o destino de alguns. Cada um seguiu o deu rumo, eu fui mais tarde. Só muito tempo depois, já tinha acontecido o 25 de Abril, eu soube que o Rui era médico, anestesiologista, se não estou em erro, nos hospitais de Lisboa.
Mas o que eu recordo mesmo, era das nossas deslocações à Quinta do Maduro, lá na Ladeira dos Mares, que tinha um tanque ENORME, onde nos banhávamos, nas cálidas tardes do Verão alentejano.
O percurso de vida do Rui, só poderá surpreender que o não conhecia, bem como a sua família. Lembro aqui também, o seu pai, advogado, sempre disposto para acudir, nas causas difíceis, aqueles que caíam nas garras do antigo regime e também, tudo o que me ensinou sobre Teatro e a Vida. Foi ele que me deu a ler Bertrold Brecht, pela primeira vez, e com ele a encenar, levamos à cena, de Luis Francisco Rebelo, "O Mundo Começou Às 00h e 47m", no grupo de teatro escolar.
O Rui, partiu, mas resta a memória da sua vida, cheia de exemplos para os que por cá continuam, levarem em frente as lutas que ele, tão bem soube travar.
Segunda-feira, 27 de Novembro de 2006
Apesar de ditos como: " Comia-te todo " e outros do mesmo jaez, nunca se tinha chegado tão longe.
Iguaria rara e disputada, " comê-lo ", na verdadeira acepção da palavra, só agora.

Por ora, só focas, burros, bois, cavalos, iaques, carneiros e até cobras, têm sofrido a ablação do pénis, para os transformar em "iguarias gastronómicas. A ver vamos se ficamos por aqui.
Estamos sempre a descobrir, "novas de alegria".
Que faça bom proveito, aos que o saboreiam.
Domingo, 26 de Novembro de 2006
Prefiro assim.
O dia de ontem, foi tão repleto de sentimentos, que nem deu para escrever aqui na Sesta.
Os anos passam e o que resultou do 25 de Novembro, está bem expresso na realidade que vivemos.
Mas, como se dizia no Toll, perder a experança será a última coisa que nos poderá suceder.
A imagem que hoje aqui deixo, é o mar batendo na rocha, no seu vai vem contínuo e seguro. Será um bom exemplo, para os que não querem deixar de sonhar que o 25 de Abril, não foi um dia, mas um contínuo de lutas, de vitórias e derrotas, que há que continuar a fazer-se, SEMPRE!

Mar dos Açores - Caloura
Quarta-feira, 22 de Novembro de 2006
É, com esta imagem da Ilha do Corvo, que vos digo: ATÉ BREVE!

No entanto, achei por bem fazê-la acompanhar de um poema de Miguel Torga, que dá pelo título de: MIRAGEM
Nem a luz acredita!
Montes, cumes e outeiros
Dum real e pesado panorama,
Transformados em ilhas flutuantes
Num mar de nevoeiro!
Inesperado,
Na madrugada fria,
Um mágico arquipélago acordado
Noutra geografia.
Terça-feira, 14 de Novembro de 2006
Eis-me de novo no meu Alentejo, sabendo que o bom tempo acabou e que o Outono está de volta, como eu.
Sem tempo para grandes escritos, deixo aqui a notícia que, apesar de muito ocupado, continuo atento, ao que por cá se passa.

Quinta-feira, 9 de Novembro de 2006
Correspondendo a uma solicitação, aqui fica o neto João que em conjunto com a Sofia, são os meus, mais lindos do mundo!

Venho aqui só para informar que, eu, também estou em GREVE!
Domingo, 5 de Novembro de 2006
Passa hoje o sétimo mês, do nascimento, do meu neto João.
Avô babado, não sabe falar de outra coisa.
Sexta-feira, 3 de Novembro de 2006
Ontem, de volta com os meus papeis, fui encontrar um poema de Eugénio Lisboa que gostaria de compartilhar convosco.
Auqi está:
ESTÃO PODRES AS PALAVRAS...
( A Jorge de Sena )
Estãopodres as palavras, Jorge
De passarem por sórdidas mentiras...
Assim o dizes e não pões nem tiras
Ao rijo inventário o teu denso alforge
De palavras talhadas em duro corno
A doçura de uma vírgula que pudesse
Iludir a corrupção que aqui comece
Minando de cuspo a pureza em torno.
Mentem os que falam e os que calam
Mentem os que ficam e os que se vão
Agitam-se os cobardes em fresca encarnação
Da nova coragem com que já abalam.
Que merda de gente ó filho de Camões!
Junto de um seco fero estéril monte
Para onde me retiro, olho e vejo já a ponte
Para onde fogem os altos sonoros campeões!
Usá-las puras as palavras dizes...
Que pureza a desta língua envilecida
Por mil flexões de prostituta ardida?
Língua coleante, dupla rica de matizes...
Possam as palavras ficar enfim erguidas
Um dia como torres entre céu e terra!
Façamos com elas então a nossa guerra
Aos heróis que hoje confundem as saídas!
EUGÉNIO LISBOA
NOTA:
Publicado na página quinzenal de divulgação : Cultura e Arte do Jornal Notícias da Beira - MOÇAMBIQUE, Em 24 de Janeiro de 1975
Quinta-feira, 2 de Novembro de 2006
ESTREMOZ, 2006, Novembro, 02
10h25 - Café da LILI
Como é hábito, sempre que estou em Estremoz, aqui me desloco para a "Bica" matinal.
Também como é hábito, a essa hora o café encontra-se cheio, só que desta vez, contra o que é habitual, de MULHERES. O único homem que havia era o dono do café, que mal eu entrei, saiu. A alegria era contagiante, digo-o pelo tom das conversas, não pelo conteúdo.
Assinálo com muito agrado, este facto.