Terça-feira, 30 de Janeiro de 2007

À VOLTA DA CHINA

Ontem, tentei mas não consegui escrever fosse o que fosse.
Fazia noventa anos, a minha mãe, se fosse viva.

Agora estou de volta, com uma notícia de ontem, que não vi reflectida em sítio algum.

chineses.jpg
O caso passa-se, óbviamente na China.

Uma rapariga, de 19 anos, jogadora de bilhar, membro da selecção mista da China, acusou publicamente um seu companheiro de selecção, de a ter agredido e assediado sexualmente.
A jogadora é agora acusada, pelos responsáveis federativos de: "irresponsavelmente ter tornado públicas as suas disputas pessoais", criando uma "má influência extrema" na equipa e que " não reconheceu apropriadamente os seus erros".
Entretanto, segundo a mesma fonte, o acusado, mostrou-se "profundamente arrependido" pelos seus erros, tendo sido aconselhado a pedir desculpas à outra parte.
Os dois jogadores encontram-se suspensos, por um ano.

Signicativo, não são necessários comentários, assim se vive no maior IMPÉRIO do MUNDO.

publicado por felismundo às 11:02
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Domingo, 28 de Janeiro de 2007

DOMINGO, DIA DE PAZ!

outdoornao.jpg
Muito tenho falado, no Padre Mário Oliveira, nas suas ideias sobre o referendo do próximo dia 11 de Fevereiro.
Hoje, para facilitar a busca, resolvi publicá-las para que os que me visitam, terem oportunidade de as confrontar, com as suas.

Intervenção numa conferência-debate sobre a lei de despenalização do aborto na Faculdade de Direito de Lisboa, e vinda a Portugal de Frances Kissling e Norma Corvey

Padre Mário de Oliveira

Fui de propósito a Lisboa participar numa conferência-debate sobre a lei de despenalização do aborto que vai a referendo no dia 11 de Fevereiro de 2007. O convite veio de Estudantes da Faculdade de Direito de Lisboa, na Cidade Universitária. A sessão, invulgarmente concorrida, decorreu na tarde do dia 5, num dos seus anfiteatros, e prolongou-se por quase 4 horas ininterruptas! Nunca antes eu havia entrado naquela Faculdade. Foi por isso com alguma emoção que cruzei as suas portas e me vi no meio de tantos jovens, elas e eles. Na mesa, havia três defensores do “não”, dois professores da própria Faculdade de Direito e uma senhora que integra um daqueles grupos auto-designados de “defesa da vida” que se agitam muito, sempre que a despenalização do aborto aparece como uma possibilidade na sociedade portuguesa. Não podem ouvir falar em semelhante possibilidade. E batem-se contra ela e pela manutenção do status quo. Do lado do “sim”, éramos apenas dois. O meu companheiro é também professor naquela Faculdade de Direito. De todos os convidados que aceitaram participar no debate, só eu é que fui de longe, aqui de Macieira da Lixa, onde resido. Fui e vim de comboio, Caíde–Lisboa e Lisboa–Caíde. Quando me deitei, eram já 2 horas da madrugada do dia 6. Mas valeu a pena.
Ia a contar ter no debate, a defender o “não”, um colega meu, padre de Lisboa. Mas, segundo os promotores, quando ele soube que eu também tinha sido convidado e aceitara participar do lado do “sim” recusou-se a estar presente. O caso tem algo de insólito, mas é mais uma confirmação do que eu já sei há vários anos: que para a generalidade do clero católico eu sou um presbítero a evitar. Como os leprosos do tempo e do país de Jesus. Aos seus olhos, não passo de um “impuro” que os “puros” ou “não-impuros” devem cuidadosamente evitar. Nem sequer para me contraditarem, aceitam sentar-se comigo. A estratégia da instituição eclesiástica católica é essa. Evitar-me. Ignorar-me. Não me reconhecer, nem sequer para me denunciar ou desacreditar. É mais do que desprezo. É negação pura e simples. Recusam-se a admitir que eu existo. Detestam-me até esse ponto, o que prova que para além de ódio teológico há também ódio eclesiástico! Não são todos assim, felizmente. Eu sei por experiência directa. Mas a generalidade dos clérigos é assim. As poucas excepções só confirmam esta regra. Os que se têm na conta de representar a instituição eclesiástica aceitam com mais facilidade debater com pessoas de outras confissões do que com irmãos da mesma Igreja, quando estes se assumem como dissidentes dentro dela. Deveriam alegrar-se e acolher o desafio da dissidência na Igreja, mas não. Acham, erradamente, que dissentir na Igreja é dissentir da Igreja. E, na prática, excomungam com quem mais deveriam comungar. Ou esquecemos que as cristãs, os cristãos somos discípulos do dissente dos dissidentes, Jesus, o de Nazaré?
Entre os muitos jovens presentes, no espaçoso anfiteatro, deu para perceber que havia uns três diferentes, todos juntos, com o ar de candidatos ao presbiterado na Igreja, porventura, integrados numa congregação religiosa masculina. O modo de vestir, idêntico, e toda a postura dos seus corpos era inconfundível. Pois bem, quando, numa primeira ronda, a palavra me foi dada, logo a seguir a dois outros intervenientes, um do “não” e outro do “sim”, logo aqueles três jovens se ergueram das suas cadeiras e abandonaram a sala, com todo o ar de quem o fazia para não ter de me escutar. Não sei se frequentam aquela Faculdade, ou se vieram propositadamente da Universidade Católica para assistir àquela sessão. Ainda os olhei com afeição, como quem lhes dizia “Fiquem! Não se vão já embora!”, mas não resultou. Foram-se, de semblante fechado, a fazer­‑me lembrar aquele homem rico dos Evangelhos Sinópticos, a quem Jesus convidou a vender todos os seus bens e a dá­‑los aos pobres, para depois o seguir e à sua Causa do Reino/Reinado de Deus, mas sem resultado. E fiquei preocupado por eles. Porque se as suas fronteiras se limitam às eclesiásticas, em lugar de coincidirem com as do Reino/Reinado de Deus, onde padres dissidentes na Igreja como eu também têm lugar, temo pelo seu futuro. Como poderão vir a ser arautos do Evangelho de Deus, revelado na prática libertadora e dissidente de Jesus?
O debate causou-me bastante sofrimento. O discurso dos defensores do “não” parece passado a papel químico. Apresentam-se como os “puros”, os “defensores da vida”, os únicos que salvaguardam os princípios da “moral”. No caso concreto deste debate, com uma agravante: Como os que se revelaram mais “falantes” são docentes na Faculdade de Direito de Lisboa, onde decorreu o debate, os seus discursos facilmente resvalavam para o que eu mais temo em pessoas especializadas em leis e não em relação humana, em afecto, em misericórdia. Os seus discursos fizeram-me lembrar os dos fariseus do tempo e país de Jesus. As suas posturas, em relação às mulheres que na sua consciência decidem abortar, foram típicas, neste debate, de quem estava ali com as mãos cheias de pedras para lhes atirar. Nenhuma sensibilidade, nenhuma ternura, nenhuma compreensão, puro dogmatismo, puro moralismo, puro legalismo. Quase chorei de dor, perante tamanha crueldade. E pude entender melhor toda a cólera de Jesus perante os fariseus e os seus sucessivos “Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas”. E não resisti a deixar aos jovens estudantes de direito lá presentes o alerta de Jesus, de que a lei é para o ser humano, não o ser humano para a lei. Ou eles assumem, vida profissional fora, que a lei maior é o ser humano de carne e osso e as suas circunstâncias concretas, ou poderão vir a ser eficientes carrascos ao serviço do Poder, da Ordem, da Lei, do Dinheiro.
Deu para perceber, logo de entrada, que a minha presença, como padre católico, do lado do “sim” incomodou vivamente os do lado do “não”. Nem que eu não tivesse falado, só a minha presença no debate os perturbou. E terá contribuído para as intervenções dos defensores do “não” serem ainda mais contundentes, a roçar pelo cinismo. Foi por isso que sofri. Porque não há nada que mais me faça sofrer do que o cinismo, a crueldade, o desprezo, a insensibilidade perante as vítimas. A determinada altura, cheguei a dizer, perante o que me era dado ouvir dos do lado do “não” que para eles as mulheres que em consciência decidem abortar não existem como pessoas, sujeitos de direitos e de deveres, são apenas coisas, barrigas de aluguer, objectos que os machos irresponsavelmente engravidam e, depois, ainda lhes exigem que levem a gravidez deles ao fim, sob pena de irem para a cadeia, se se recusarem a fazer-lhes a vontade, expressa em leis que eles escreveram e aprovaram, e em julgamentos a que eles presidem e onde dão as sentenças! Tudo fizeram, com visível diplomacia, para que eu me amedrontasse e me atrapalhasse. Em vão. Felizmente, em ambientes deste género, sempre me apresento e estou como um menino e, quanto mais me tentam humilhar e desacreditar, mais humanamente atrevido eu me torno. Armado apenas com a couraça da verdade, da humanidade, do bom senso, da ternura. Não é também por aqui que vai Jesus, o dos Evangelhos? E não sou eu um discípulo de Jesus? No final, houve jovens que se me dirigiram com muito afecto e gratidão. Haviam-se revisto nas minhas palavras e na minha postura. Nunca mais esquecerão este debate. Quem sabe se ele não vai marcar positivamente as suas vidas profissionais amanhã?
Na impossibilidade de reproduzir tudo o que disse no debate, partilho aqui a comunicação inicial que escrevi durante a viagem no comboio, rumo à Faculdade de Direito de Lisboa. Eis.
Tal como todos os bispos católicos portugueses, também eu, presbítero da Igreja do Porto, sou contra o aborto. Acho que todas, todos os que estamos aqui neste debate também somos. É uma posição que todo o ser humano em seu juízo subscreve. Não é preciso ser crente católico ou ateu. Basta ser mulher, homem.
Mas os bispos católicos em bloco – pelo menos, é esta a imagem que fazem passar para a comunicação social, quando se reúnem em Fátima – são contra a lei de despenalização do aborto (IVG); e eu sou a favor da lei. É aqui que divergimos. Muito legitimamente, aliás. É a lei que nos coloca em campos opostos. É claro que no campo dos princípios, eu poderia estar com os bispos católicos. Mas não é isso que está em jogo no Referendo do dia 11 de Fevereiro de 2007. O que está em jogo é se uma mulher, a seu pedido, pode interromper uma gravidez que, no entender da sua consciência, não deve ir em frente; se, em caso da mesma mulher avançar, pode recorrer aos hospitais públicos para abortar em condições de segurança e sem riscos maiores para a sua saúde, e assim ficar em condições de poder protagonizar novas gravidezes desejadas e achadas oportunas por ela e seu companheiro; e se, depois de tudo isto, essa mesma mulher não tem de ser presa, levada a tribunal e condenada a vários anos de cadeia.
A lei que vai a referendo pretende abrir esta possibilidade, sobretudo, às mulheres pobres e mais oprimidas, de quotidianos muito difíceis, porque as outras mulheres, de nível social e cultural superior, não precisam que se lhes abra esta possibilidade. Quando decidirem abortar, mesmo que votem “não” no Referendo, sabem muito bem onde há clínicas privadas e vão por elas, como quem dá um passeio à nossa vizinha Espanha.
A lei que vai a referendo pretende abrir esta possibilidade às mulheres. Não impõe a nenhuma mulher grávida o aborto! Pretende apenas dar às mulheres grávidas que em consciência decidiram abortar, esta possibilidade de escolha e de prática. Para que as mulheres que decidiram abortar não fiquem condenadas a ter de o fazer na clandestinidade, às mãos duma habilidosa abortadeira, em condições de vergonha e de desumanidade; ou, em alternativa, não tenham de recorrer a clínicas privadas interessadas exclusivamente nos lucros, geralmente chorudos, que arrancam às mulheres que, em aflição, as procuram. À semelhança do que também hoje fazem certas Igrejas recém-fundadas que invadiram o nosso país e que mais não são do que máquinas de fazer dinheiro à custa da dor humana dos mais desvalidos e desamparados da sociedade.
Por mim, não quero que uma mulher que em consciência decidiu abortar tenha, como única saída, o aborto clandestino, feito em condições traumáticas que podem tornar infecunda para o resto da vida aquela que o faz, tantas vezes, ainda jovem, ou mesmo adolescente, e que, por razões as mais diversas, engravidou contra a sua vontade. Nem que a razão mais forte tenha sido a irresponsabilidade ou a leviandade ocasionais. Numa sociedade humana, não apenas animal, quero que a mulher embaraçada com uma gravidez não programada e não projectada tenha outra porta aonde bater e que essa porta sejam os estabelecimentos de saúde pública. A lei que vai a referendo é isso que proporciona às mulheres grávidas que em consciência decidam abortar, no período máximo das primeiras dez semanas. Por isso é bem-vinda. Já deveria ter sido aprovada há muitos anos.
Eu sei que há muitas outras questões em jogo, mas também sei que há muita hipocrisia que se esconde por trás dessas outras muitas questões. Não me perco nessa floresta de questões. Prefiro a simplicidade da verdade, o sim­‑sim/não-não que recomenda o Evangelho. Prefiro ir directo ao assunto. Acho que é mais pastoral e mais evangélico.
Os bispos católicos portugueses, infelizmente, não vêem assim. E escondem-se por trás do que eufemisticamente chamam “defesa da vida”. Mas quem defende mais a vida, no caso concreto duma mulher que decidiu na sua consciência abortar? O que a atira para o aborto clandestino e para a prisão, ou o que lhe abre a porta do hospital público, em ambiente de humanidade, de afecto, de diálogo e de menos traumas? Nesta última via, a mulher não fica em melhores condições de saúde para poder programar uma nova gravidez desejada e levá-la ao fim? Aliás, conceber entre seres humanos, não há-de ser diferente, não tem de ser diferente de conceber entre animais? Ou um acto de tamanha importância, como é gerar uma filha, um filho, não exige mais, muito mais do que o simplismo irresponsável de um “aconteceu e agora há que aguentar?”
É hipocrisia ignorar esta realidade e, em alternativa, defender que se deve investir tudo na prevenção, em lugar de ir a correr aprovar a lei de despenalização do aborto. O que eu defendo é: aposte-se tudo na prevenção, mas, enquanto continuar a haver mulheres que abortem às mãos de habilidosas abortadeiras, aprove-se a lei de despenalização e abram-se os hospitais públicos a estas mulheres de carne e osso e de vidas difíceis, como alternativa às abortadeiras e à clandestinidade. Não coloquemos as coisas em disjuntiva, ou­‑ou, mas em copulativa, e­‑e; não, prevenção ou lei de despenalização, mas, prevenção e lei de despenalização, pelo menos enquanto esta for necessária como mal menor. Acho que esta minha posição prática/pastoral está muito mais conforme ao Evangelho de Deus que Jesus, o de Nazaré, nos deu a conhecer mediante a sua prática cheia de misericórdia contra a insensibilidade/crueldade dos fariseus que, em nome da pureza legal, mantinham as pessoas, sobretudo, as mulheres na opressão e na menoridade e na impossibilidade de escolherem em consciência.
Antes de concluir, tenho que dizer aqui, no contexto deste debate sobre a lei de despenalização do aborto, e dizê­‑lo sem que a voz me trema, que cruel é o Direito Canónico da Igreja católica que condena com pena de excomunhão as mulheres que abortam; e já não condenaria com essa mesma pena as mulheres que, só para não serem excomungadas, decidissem levar a gravidez ao fim e depois matassem o bebé recém­‑nascido. Espantam-se? Mas é assim a crueldade do Código de Direito Canónico! Mas eu pergunto mais: E porque é que só o aborto tem pena de excomunhão e não todo e qualquer homicídio voluntário, as guerras e os ditadores? Não é porque só as mulheres podem escolher e decidir abortar, não os homens?
Digo mais: Insensíveis são os bispos católicos, para não dizer cruéis, que não querem que as mulheres sejam sujeito de direitos e de deveres, também em relação ao seu corpo e à sua sexualidade e para decidirem em consciência se hão-de abortar ou não. Querem-nas eternamente menores, súbditas, tuteladas, primeiro aos pais, depois aos maridos e, durante toda a vida, aos párocos, aos bispos e ao papa!
Insensíveis são os bispos católicos, e muito pouco humanos, porque não são capazes de se alegrar com a emergência e a crescente afirmação da sociedade civil, feita de mulheres e homens em radical igualdade, que hoje já se revela capaz de legislar em matérias até há pouco reservadas a eles e ao papa de Roma. Por mim, alegro­‑me com estes avanços e acho que eles dão glória a Deus, o de Jesus, que nos quer cada vez mais adultos e responsáveis, capazes de decidir em consciência.
Vão, pois, por mim. E no dia 11 de Fevereiro de 2007, reconheçam às mulheres o direito a escolherem em consciência se hão-de levar a gravidez ao fim ou se hão-de interrompê-la no ambiente humano e afectivo de um hospital público.
Finalmente, à Igreja católica que também sou, nomeadamente, à sua hierarquia, peço que não se intrometa na consciência das mulheres, nem dos homens. Pelo contrário, ajude sem sectarismos e sem moralismos farisaicos a formar consciências humanas responsáveis. E o resto virá por acréscimo. Aliás, o que não for assim é pecado!

Ainda a lei de despenalização do aborto. Nestes dias, estiveram em Portugal duas mulheres de fala inglesa. Frances Kissling e Norma Corvey. O referendo à lei trouxe-as ao nosso país, a convite de organizações cívicas que defendem o SIM e o NÃO. Não pude estar presente em nenhum dos encontros em que elas estiveram como activistas, respectivamente a favor do SIM e do NÃO. Limitei-me a acompanhar pelos jornais. E devo testemunhar aqui que houve mais sacramento de Deus nas posições e nos argumentos da activista a favor do SIM à lei de despenalização do aborto do que na activista a favor do NÃO. Esta, pelos vistos, já foi activista do SIM e terá contribuído decisivamente há 30 anos atrás para fazer aprovar a lei de despenalização nos Estados Unidos. Converteu-se mais tarde ao catolicismo romano. E, pelos vistos, perdeu humanidade, entranhas de humanidade. Tornou-se dura. Cínica. E cega. Não vê que agora a utilizam e manipulam confrangedoramente. Tão pouco vê toda a hipocrisia que se esconde por baixo do discurso cheio de moralismo e vazio de misericórdia dos frenéticos e nervosos militantes do NÃO. Hoje, ela própria mais parece um farrapo humano da mulher que foi. O catolicismo romano (não confundir com catolicismo/Cristianismo de Jesus) tem o triste condão de tornar as almas mais pequenas. Aliás, todas as ditaduras, também as religiosas e eclesiásticas, são assim. Como são incapazes de promover a consciência e a liberdade/responsabilidade das pessoas, no caso em questão, das mulheres que engravidam e dos respectivos companheiros, querem a toda a força que não seja aprovada uma lei como a lei de despenalização do aborto. No entender dessa gente com alma de fariseu, a aprovação da lei criará uma situação de rebaldaria!... E os abortos passarão a ser feitos com a frequência e o à vontade de quem entra num café depois do almoço! Não são capazes de entender, estes católicos, elas e eles, que a lei, se for aprovada no referendo, passará a estar aí, sim senhor, mas só recorrerá a ela quem, sem ela, não deixaria de recorrer ao aborto clandestino, realizado nas condições inumanas que se conhecem. Porque todas as mulheres, felizmente, a esmagadora maioria, a quem a prática do aborto nunca se lhes coloca, nem sequer como hipótese, continuarão a comportar-se nas suas gravidezes com a mesma dignidade de antes, como se a lei não existisse. Pobre Norma Corvey, minha irmã, o que estão a fazer de ti os meus irmãos católicos do NÃO. Na sua militância moralista contra a lei de despenalização do aborto, já fizeram abortar/secar em ti as entranhas de humanidade. Oxalá voltes a reencontrar-te com a Liberdade que é irmã da Misericórdia.

publicado por felismundo às 13:12
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Sexta-feira, 26 de Janeiro de 2007

A LEITURA EM PORTUGAL

Recebi hoje um protesto de uma amiga, que depois de ter batido à porta de vários areópagos em vão, me fez chegar via Grupos.com.br.
Dada a extraordinária importância e necessidade de TODOS o conhecerem, aqui vai.
Antes o meu agradecimento à Teresa Muge, docente da Universidade do Algarve.

Isto do (não) falar em Português, pelos vistos, não tem a ver só com a
Música. Quem estiver interessado, vá ao endereço
www.planonacioanaldeleitura.gov.pt e logo verá como as coisas são. Só para
abrir o apetite: da lista de cerca de 60 livros recomendados para o Jardim
de Infância - alguém tem dúvidas que é ali que a educação formal começa? -
apenas dois (2 - disse bem) são de autores portugueses (Elvira Ferreira -
uma ilustre desconhecida e António Torrado - um bem conhecido e emérito
produtor de literatura para a Infância.
Ou seja: desta lista, subscrita pelo Ministério da Educação, Ministério da
Cultura e Presidência do Conselho de Ministros, foram afastados autores
portugueses cuja qualidade pedagógica e literária é sobejamente conhecida
(Alice Vieira, José Jorge Letria, José Leite de Vasconcelos, Luísa
Dacosta, Manuel António Pina, Maria Alberta Menéres, Matilde Rosa Araújo,
Sophia de Mello Breyner Andresen, Teófilo Braga, Luísa Ducla Soares...
entre outros). Isto para já não falar da grande ausência das Histórias,
Contos e Lendas Tradicionais, das Lengas-lengas, da Poesia...
Não sei quem fez esta lista. Não sei quais têm sido as reacções dos
Educadores - as minhas tentativas de registo num dos Foruns foram todas
frustradas - dos autores e de outros interessados, mas isto, para mim, é
uma daquelas coisas que, em bom Português, se pode chamar de POUCA
VERGONHA a que se acrescenta, como no Rei Leão MAS COM PODER!!!
Poderia dizer que já nada me espanta, mas não é verdade. Isso poderia
querer dizer que "então não há nada a fazer" e isso eu não quero. O que
realmente pretendo é continuar a manter a quota parte de ingenuidade que
permite ter aquele tipo de esperança activa em dias melhores que me leva a
escrever e a divulgar este protesto.

Um abraço a todos

Teresa Muge

publicado por felismundo às 22:08
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Quarta-feira, 24 de Janeiro de 2007

À Terceira É De Vez

Não podia deixar de tentar publicar a imagem, não fazia sentido.

caminho.jpg

publicado por felismundo às 19:03
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O Que Faltou

No escrito anterior, faltou a imagem, aqui está.

O Caminho.jpg
No texto, faltou dizer que o IGV é feito em estabelecimento público.

No referendo o voto é: SIM

publicado por felismundo às 18:54
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CAMINHO

É assim, com decisão, que temos de percorrer o caminho do SIM, no referendo que se aproxima, sobre a despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez, quando por opção da MULHER, até às dez semanas de gravidez.

View image

publicado por felismundo às 15:18
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Terça-feira, 23 de Janeiro de 2007

SE...

Com a devida vénia, transcrevo aqui o magnífico escrito da Emiéle, que hoje apareceu no "Pópulo".

SE
Quando se for votar no dia 11 seria bom que as pessoas tivessem claro na cabeça o que estão a votar. Com tantos apelos sentimentais, muitas vezes esquecemo-nos que neste assunto se juntam, como disse Maria de Belém, questões sociais, de saúde pública e jurídicas Sendo ainda e sobretudo, como nem todos estranhamente reconhecem, uma questão também do foro íntimo. Tão íntimo e pessoal que, independentemente da questão do risco da penalização, muitas mulheres não falam dos seus casos por pudor, por sentir que se está a tocar em algo de muito profundo e íntimo apesar de se reconhecerem quando ouvem as palavras de outras mais afoitas que são capazes de abrir o coração.
E acho sempre curioso como nestas alturas, aparece o argumento de que a prática do aborto não devia existir SE as coisas fossem de outro modo. Porque no período anterior a uma votação destas – e isso já aconteceu da outra vez – aparecem prometidas uma série de medidas que … ficaram nas promessas!
Já se sabe que deveria haver melhor informação, mas não há. Já se sabe que as consultas de planeamento familiar deveriam ser muito incentivadas, mas não são. Já se sabe que devia existir um bom apoio à grávida, mas não existe. Já se sabe que devia haver uma boa política de apoio à família, mas não há. Já se sabe que as respostas sociais para cuidar convenientemente de uma criança até entrar na escola deviam ter sido implementadas, mas não foram. Já se sabe que devia haver pediatras nos Centros de Saúde, mas não há.
É claro que SE tudo isto funcionasse muito bem, talvez nem se pusesse esta questão que vamos votar no dia 11. Só que esta utopia estranhamente funciona apenas antes de uma votação destas, depois evapora-se rapidamente.
Foi aqui também lembrado essa questão tão simples: com o SNS que temos, uma grávida é seguida na sua consulta de gravidez, sem custos, mas todos os exames necessários ao bom acompanhamento do caso saem da sua bolsa… Claro que quem for claramente carenciado pode ter o estatuto de isento, mas quem tenha «a sorte» de ter um emprego começa logo a pagar durante esses 9 meses e … nunca mais pára.
Pois é, amigos, SE...!

publicado por felismundo às 09:58
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Segunda-feira, 22 de Janeiro de 2007

AINDA FIAMA

A partida de Fiama, apanhou-me, nas vésperas de completar, mais um aniversário, o que me deixou deveras emocionado. Tanto que nem tive cabeça de postar mais que um POEMA.
Hoje, mais maduro, entendo ser meu dever, dizer que o poema publicado foi retirado de uma das mais importantes antologias, publicadas nos últimos tempos. Refiro-me a :
"QUINZE POETAS PORTUGUESES DO SÉCULO XX", selecção e prefácio de Gastão Cruz, numa edição Assírio e Alvim.
Fica assim reposta a totalidade da informação, para que conste e outros aproveitem.

publicado por felismundo às 13:05
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Sábado, 20 de Janeiro de 2007

MEMÓRIA

À ROMÃZEIRA QUE ESTÁ A SECAR

Todos os diálogos acabam no silêncio,
mesmo o murmúrio entre dedos e folhas,
quando o avesso da mão roça
a grande Natureza manifesta na árvore.

Era uma romãzeira em flor e fruto,
segura do seu reverdecer, loquaz.
Aos periquitos, na larga capoeira defronte,
respondia com o júbilo da mudez.

Mas ante mim, que a cantava e canto,
ela deixa-se estar como está um surdo
junto de um cego trovador lírico,
até que ambas aceitemos o fim.

FIAMA HASSE PAIS BRANDÃO
1938 - 2007

publicado por felismundo às 16:54
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Quarta-feira, 10 de Janeiro de 2007

EM JEITO DE RESPOSTA

Uma vez que, estranhamente, não consigo responder no post, resolvi postar de novo, assim:

Alente1.jpg
Respondi, se bem que só tenha referido o bombeiro.
É um facto que os meus sonhos, estavam em tudo o que a minha vista alcançava, nos "montes", na longa planície alentejana, povoada de sobreiros e de azinheiras, de olivais de perder de vista, nos animais que povoavam todas essas áreas. Desses sonhos etéreos, até à ida para veterinária, bombeiro, foi um devaneio.

publicado por felismundo às 11:43
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