Pois é, depois de um Domingo cheio de Sol, hoje está um verdadeiro dia de Inverno.
Refiro-me à chuva, pois a temperatura, essa está de boa saúde.

No entanto este tempo, leva-nos a reflexões mais complexas, a leituras e releituras, pois o livro é, nestas alturas, o nosso melhor amigo.
Socorro-me de Herberto Helder, outro ilhéu, da Madeira e um dos bons autores, de Língua Portuguesa.
Do seu livro, "Passos em Volta", respiguei o seguinte texto:
(...)
Os dias longos, as noites no meio do mar. Espero o porto de chegada, as virtudes restituídas, o espírito enfim reconciliado com o mundo. E desembarco, há uma qualquer experiência surpreendente, caminho para o conhecimento. Consigo agarrar essa meada ainda irreconhecível: a maneira como tudo se enreda em tudo. Desabituei-me dos milagres.
Sabe-se como é: quase todas as manhãs acordo angustiado, esforço-me por imaginar que este dia é virgem e primeiro, carregado de poderes enigmáticos, destinado às revelações. Literatura. Merda. Trata-se de mais um dia em que me vou chatear, aturar os meus semelhantes, a filha-de-putice teológico-emocional de um Deus que, ainda por cima, não existe. Posso especular sobre a revolução, evidentemente. Que revolução? A revolução, claro. Pois é: a minha revolução não dá um passo.
(...)
Esta tarde fomos passear. O dia convidava ao passeio e as saudades de um lugar, tão emblemático para a nossa família, era o destino irresistível.
Aqui lhes deixo uma foto, tirada da Lagoa Verde para a ponte que a separa da Azul.

Espero que gostem, pois nem sempre é possível ter esta visão.