porque o amor resultou inútil. e os olhos não choram. e as mãos tecem apenas o rude trabalho. e o coração está seco.
em vão mulheres batem à porta, não abrirás. ficaste sozinho, a luz apagou-se, mas na sombra teus olhos resplandecem enormes. és todo certeza, já não sabes sofrer. e nada esperas de teus amigos.
pouco importa venha a velhice, que é a velhice? teus ombros suportam o mundo e ele não pesa mais que a mão de uma criança. as guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios provam apenas que a vida prossegue e nem todos se libertaram ainda. alguns, achando bárbaro o espectáculo, prefeririam (os delicados) morrer. chegou um tempo em que não adianta morrer. chegou um tempo em que a vida é uma ordem. a vida apenas, sem mistificação.
Passam hoje 20 anos da primeira edição, deste romance, da autoria de João de Melo, escritor açoriano que, conquistou com este livro o Grande Prémio de Romance e Novela da APE/IPLB - 1988. Nesse mesmo ano, a referida obra, foi galardoada com o Prémio RDP/Antena1 de Literatura (Ex-aequo), o Prémio Municipal Eça de Queiroz da Câmara Municipal de Lisboa, na categoria de Prosa de Ficção e o Prémio Cristóvão Colombo, da União das Cidades Capitais Ibero-Americanas, Lima, Peru. No ano de 1989, recebe o Prémio Literário Fernando Namora, Estoril. Conta também com traduções em: Francês; Neerlandês; Búlgaro; Castelhano e Romeno. Em 2002, outro açoriano, José Medeiros, vê, finalmente, nos ecrãs da TV, a sua obra que foi a realização desta obra, baseada na obra homónima. Aproveito para informar que a RTP/Memória vai retransmitir no próximo sábado, dia 3 de Maio, às 04h45m.
Hoje, 25 de Abril, dia do trigéssimo quarto aniversário da revolução que nos tirou de quarenta e oito anos de ditadura, que nos livrou de uma guerra sem fim, que nos restituíu a dignidade que nos faltava, enquanto povo, decidi que ia ser diferente. Por isso, ao conhecer o texto de Daniel de Sá, escritor português, dos muitos que estas Ilhas dos Açores deram, ao nosso todo colectivo, não hesitei e disse: "É este o texto que me faltava!"
Deixo-o, aqui para que possam gostar dele, tanto ou mais do que eu!
VIVA O 25 DE ABRIL!
TREZENTAS E QUARENTA PALAVRAS
(Em memória do Capitão Salgueiro Maia e do cantor José Afonso)
Conheces o gosto da anona? E o cheiro do incenso em flor nas noites húmidas? Talvez.
Mas com certeza não serás capaz de os explicar. Nem eu nem ninguém.
Existem coisas assim: os sabores, os cheiros, as cores, os sentimentos... Há muitos milhares de palavras, mas nenhumas são suficientes para dizer aquilo que só quando se sente se sabe como é.
Eu gostaria de inventar as palavras que faltam à nossa Língua, a todas as línguas do Mundo, para falar de Abril. Em Portugal. Num dia com cravos a florir nas espingardas, porque ninguém queria usá-Ias para matar.
Estavam cansados da guerra, uma guerra má como todas as guerras. Em Angola e em Moçambique e na Guiné. Era o medo em Portugal. Havia verdades que era proibido dizer. Havia muita gente que mal tinha que comer. Havia muita gente sem casa onde morar.
Foi na madrugada de 25 de Abril de 1974. Os homens que mandavam neste país, e que não queriam que ele mudasse, talvez dormissem àquela hora sem sonhar com o que ia acontecer. No rádio, uma canção começou: "Grândola, Vila Morena". (Uma revolta que começa com uma canção, sobretudo uma canção como aquela, tem de ser uma revolta boa). Era o sinal combinado. Os militares saíram dos quartéis para dizer ao governo que não o suportavam mais, mas ainda não se sabia quantos portugueses estavam no mesmo lado. Logo se percebeu que eram quase todos, afinal.
E a revolução tornou-se numa festa tão bonita que esse dia foi um dos mais belos da História de Portugal. Foi uma alegria tão grande que se chegou a pensar ter valido a pena tanto tempo de sofrimento e medo para que ela acontecesse...
Mas não! A água mais apetecida é a que se bebe depois de uma longa e penosa sede, e ninguém se deixa estar dois ou três dias sem beber só para ter um gosto enorme ao beber...
Se eu pudesse inventar as palavras que faltam à nossa Língua para dizer isto melhor, nunca mais haveria alguém capaz de duvidar de como foi lindo aquele dia, nunca mais ninguém haveria de permitir que alguma coisa, neste país, se parecesse com as coisas ruins de antes. E muito depressa se mudaria o que ainda não houve tempo de mudar. Daniel de Sá
Do nosso amigo "Troll Urbano", retirei esta homenagem ao dia da LIBERDADE. Um agradecimento especial à Isabel que mo fez recordar, assim, de uma forma tão convincente.
Um video para ser visto por quem tenha mais de 2% de consciência critica.
Atenção: - 1/5 da população mundial consome 4/5 dos recursos do planeta e produz 86% de todo o desperdício. O Realizador, explora o assunto atravéz de muita música, neste documentário em jeito de videoclipe.
SURPLUS - Suécia 2003 Direcção - Erik Gandini Música Original - GOTAN PROJECT, David Osterberg, Joan Soderberg Documentário - 50m
Nota: Agradeço, ao "Carne Crua" a possibilidade de ver e mostrar esta preciosidade.
Este é o lema de uma campanha, em boa hora levada a efeito, pelo Governo Regional, Inatel e Sata. Para se efectuarem estas viagens é necessário que, um pequeno grupo de trabalhadores, leve a cabo, convenientemente as tarefas que lhes forem confiadas. Trata-se de entrosar, de assistir, de contactar, uma parcela de população, para que, depois de uma vida de trabalho, possa viajar e disfrutar, por uma semana ,das belezas destas Ilhas, em grupos eterogéneos e que, devidamente enquadrados e acompanhados, se vão, durante uma semana, sentir gente. Isto porque, reconhecidas as suas carências, lhes foi proporcionado um tempo e um estar, igual ou semelhante aos que a vida, não engeitou. Acontece que têm que ser contratadas, pessoas externas que, trabalhando a "recibo verde", vão colmatar as deficiências e as carências. Essas pessoas, necessitam de ser pagas e então o INATEL, entidade com responsabilidade nas viagens e alojamentos, é quem contrata os trabalhadores que assistem e enquadram os viajantes, quer nos inícios das viagens como, nas suas passagens pelos aeroportos, em trânsito, para o seu destino. Não está em causa a tabela de pagamentos, que apesar de nada relevante, é ao menos do conhecimento antecipado, de quem acede a trabalhar. O problema, está, na imensidão de impressos que, quem trabalha, tem de fazer, para conseguir receber os míseros Euros que nos são devidos e aguardar que, em LISBOA, se decida pela sua correcta execução e ordene que se pague. Num estadio em que as novas tecnologias, aparecem e simplificam os procedimentos, o papel continua a ser o garante da execução de pagamentos de somenos importâncias. Por cada viagem tem, o "transferista", que fazer três mapas, em que um é a repetição do outro. Se, ao menos, houvesse papel químico, só se escrevia uma vez, mas não, têm que ser elaborados, um por um, enviados para Lisboa depois de serem vistoriados pelas Delegações Regionais e, esperar que a Capital do Império, dê a ordem, para ser pago. Se, quem trabalha e se entrega de alma e coração para o êxito de uma ideia que sente e constacta que é certa e correcta, tivesse a oportunidade de questionar as condições de trabalho que lhes facultam e as retribuições que dizem ser justas, certamente que, este programa, não tinha ainda começado. Sob pena de reverter negativamente para o Governo Regional, esta dependência, incongruente, de Lisboa, bom seria que os métodos, fossem aligeirados, ou "SIMPLEXIZADOS" .
O dez tocava viola O vinte tocava pratos O trinta jogava à bola O quarenta caçava ratos
I
O um era hortelão O dois era caçador O três era prior O quatro era pimpão O cinco era campeão O seis ninguém enrola O sete pedia esmola O oito era camponês O nove era maltês O dez tocava viola
II
O onze vendia vinho O doze era sargento O treze era azarento O catorze anda sozinho O quinze era espretinho O dezasseis era ingrato O dezassete fala-barato O dezoito era campónio O dezanove toca harmónio O vinte tocava pratos
III
O vinte e um era albardeiro O vinte e dois cantava o fado O vinte e três guardava gado O vinte e quatro era aguadeiro O vinte e cinco era engenheiro O vinte e seis era estarola O vinte e sete carrega a mola O vinte e oito era alpinista O vinte e nove era ciclista O trinta jogava à bola
IV
O trinta e um era soldado O trinta e dois cantoneiro O trinta e três era ceifeiro O trinta e quatro era chalado O trinta e cinco era tarado O trinta e seis apanhava gatos O trinta e sete vende sapatos O trinta e oito comia os feles O trinta e nove vendia peles O quarenta caçava ratos
Recebi, hoje, de um amigo e quero partilhar com quem me visita. Por isso sem acrescentar, mais nada, aqui vos deixo o texto e o vídeo que o originou.
De facto!
Aquela poderia ser mais uma manhã como outra qualquer. Um sujeito entra na estação do metro, vestindo jeans, camiseta e boné, encosta-se próximo à entrada, tira o violino da caixa e começa a tocar com entusiasmo para a multidão que passa por ali, na hora de ponta matinal. Durante os 45 minutos em que tocou, foi praticamente ignorado pelos passantes. Ninguém sabia, mas o músico era Joshua Bell, um dos maiores violinistas do mundo, executando peças musicais consagradas, num instrumento raríssimo, um Stradivarius de 1713, estimado em mais de 3 milhões de dólares. Alguns dias antes Bell tinha tocado no Symphony Hall de Boston, onde os melhores lugares custam a bagatela de 1000 dólares. A experiência, gravada em vídeo, mostra homens e mulheres de andar ligeiro,copo de café na mão, telemovel no ouvido, crachá balançando no pescoço,indiferentes ao som do violino. A iniciativa realizada pelo jornal The Washington Post era a de lançar um debate sobre valor, contexto e arte. A conclusão: estamos acostumados a dar valor às coisas quando estão num contexto. Bell era uma obra de arte sem moldura. Um artefato de luxo sem etiqueta de marca.