Volto ao meu neto.
Faz amanhã oito dias que o João fracturou o fémur da perna direita e desde essa noite, está no hospital, imobilizado com a perna esticada a fim de reduzir a lesão.
Segundo as últimas informações, só na próxima terça ou quarta-feira, será engessado e poderá regressar a casa, onde prosseguirá a recuperação.
Dói-me o coração, pensá-lo, numa cama de hospital, imobilizado com as duas perninhas sujeitas à imobilização, a fim de não fazer luxação na anca e já prevejo o tormento que irá passar, nas próximas, três ou quatro semanas, engessado desde a anca até ao pé, na perna direita e até ao joelho, na perna esquerda, até ao joelho.
Resta a esperança de que fique sem sequelas, já que o sofrimento, ninguém lho pode tirar.
Uma qualquer, JOANA, deixou um comentário, num post sobre o Cinquentenário do Vulcão dos Capelinhos, que decidi apagar, porque impróprio na linguagem. Quem ousou escrever, ignomínias sobre a minha MÃE, não merece figurar, neste espaço, que se quer de amigos e de gente que discordando ou tecendo elogios, o faz com elevação e respeito, por si e pelos outros, o que não era o caso. Esta foi a razão porque me decidi, pelo APAGÂO.
Hoje, estou infinitamente triste!
O meu neto João, ontem à noite, em casa, a brincar com a irmã e com os pais por perto, caíu mal e partiu uma perna.
Ele está no Porto, eu em Ponta Delgada, que aflição, nem queiram saber.
Sem palavras, só para ouvir!
Sobre este tema escreveu a minha amiga Emiéle no seu www.opopulo.blogspot.com, um artigo baseado nesta notícia, www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/05/080514_vinho_musica_dg.shtml .
Afirmei eu, por lá, as minhas concordâncias e discordâncias, sobre o publicado e, como não gosto de deixar nada incompleto, aqui vos deixo o exemplo que queria exprimir, com as minhas palavras.
Esta dica, devo-a uma vez mais ao www.carnecrua.com.br , que me deu a resposta ao caminho que a Emiéle do, www.opopulo.blogspot.com, procurava afanosamente, esta manhã.
Bom será que reflitamos, sobre o que somos e que papel temos neste mundo imenso de mundos.
Vejam o vídeo:
O texto que hoje trago, é da autoria de Orlando Vitorino, e foi publicado no Suplemento Literário do Jornal da Madeira, em 1971.
O CENTRO DO MUNDO
FOTO DO TEATRO DE GIZ - VULCÃO DOS CAPELINHOS
"O Agostinho da SIlva é um entusiasta- não sei se hei-de dizer <um devoto> - do Espírito Santo. Com o seu entusiasmo contangiante arrasta outros na sua devoção, outros que escrevem livros e artigos, dão aulas, fazem conferências. Mas o Agostinho da Silva, que tem corrido as sete partidas do mundo, nunca foi aos Açores, lá onde existe o culto que venera.
Ora o Quinto Império - que, atrás de Pessoa, Agostinho também destina a Portugal - será o Império do Espírito ( seus vates não nos dizem se Santo, ou separado, se só Espírito), e Império do Espírito destinado a Portugal só poderá ser o da filosofia portuguesa, como lhes observou o Álvaro Ribeiro. Agostinho, porém, nada quer com a filosofia, portuguesa ou outra.
Que o Império do Mundo esteja destinado a Portugal é coisa que também nos Açores se pode ver, e não no culto do Espírito Santo. É o caso...
O caso, foi este:
Andava eu pelas ilhas com uma companhia de teatro. De S. Miguel, seguíamos para o Faial, passando pela Terceira aonde regressaríamos vindos da Horta. Toda a tarde se demorou o navio no porto de Angra, donde partiria à noite. No momento de levantar ferro, foi como uma iluminação. Ia largar o último escaler, e eu desço a escada que ia já ser erguida, grito aos meus surpreendidos companheiros que fico a esperá-los em Angra e salto para o escaler. Como um ritual de purificação.uma onda mais alta cobre-me todo, limpa-me. Era já noite cerrada. Pelas ruas desertas foi-me difícil encontrar casa onde dormisse.
Na manhã seguinte passeie na cidade, admirei monumentos e gentes, almocei cracas, aluguei um carro sem condutor, fiz a minha sesta e à tarde pus-me a rodar pelas estradas, sem mapa, ao acaso, isto é, ao que caísse. O que caíu foi um caminho para o interior da ilha. Vão rereando as casa, desaparecendo as plantações. A estrada corta uma linha de montes, abrindo uma espécie de desfiladeiro, e eu vejo-me num largo planalto rodeado ao longe por um círculo de montanhas. Não há viv'alma, nem homens, nem casas, nem árvores. Montículos, como seios cortados de mulher, ondeavam o chão, cobertos de musgo verde. No silêncio perfeito e puro, sombras escuras cruzavam a luz que amortecia, touros solitários, negros, pesados, indiferentes, mitológicos. Perdera-se o tempo e, no instante que o absorveu, surpreendo-me a dizer: estou no centro do mundo.
Ainda suspenso da sensação de percorrer o centro do mundo, a linha de montanhas abre-se de súbito e avisto, deitadas a meus pés, as longas pistas de um imenso aeroporto, aeronaves de guerra pousadas com pássaros gigantes, de cores sinistra e sombrias. O que tenho perante meus olhos é a máquina de guerra do povo que detém hoje o império do mundo, não o Império do Espírito mas o Império da Mecânica criada pela filosofia moderna. E já interior, reflexiva, minha voz diz para comigo: quem tiver os Açores, tem o Império do Mundo.
Os meus cómicos voltaram dois dias depois, e eu desafiei quatro ou cinco para um passeio, entre eles a mais jovem das nossas actrizes, que tinha olhos de lua em quarto crescente e voz de soprano lírico. A tarde morria. Conduzo o carro para o interior e todos conversamos tumultuosamente dos espectáculos dados no Faial: O carro sobe a estrada, atravessa o desfiladeiro e caímos, de súbito, no silêncio perfeito e puro. As sombras mitológicas perpassam. A luz amortece. E lá, no mesmo instante ou ponto, a linda voz do nosso soprano lírico solta-se num claro mas atemorizado mormúrio: parece que estamos no centro do mundo.
Não restavam dúvidas. Quem tiver a ilha, terá o Império, quinto ou outro, do Espírito Santo ou da mecânica.
Orlando Vitorino
Foto de António Gama
MILES DAVIS - Concierto de Aranjuez (Adágio)
Aquele bar, conhecido pela excelência do seu bife,
era ponto de encontro dum grupo de intelectuais.
Nesse dia discutia-se a emancipação da mulher.
O jornalista afirmava que homens e mulheres
deviam ter direitos iguais.
O escritor criticava a exploração da milher como objecto.
O cineasta enaltecia a sensibilidade feminina.
O poeta cantava que a mulher miderna devia ser uma
companheira e não uma deusa.
Todos de acordo, pagaram a conta e foram para casa.
O jornalista sentou-se na sala a ler o jornal, enquanto n
cozinha a mulher preparava o jantar.
O escritor pegou nuns rascunhos, enquanto a mulher
dava banho ao bebé.
O cineasta preparou uma bebida, enquanto no corredor
a mulher lhe passava uma camisa.
E o poeta foi para casa da mãe... porque era solteiro!
João Viegas, in "O Galo de Barcelos ao Poder"
Moraes Editores-1983
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