Os meus amigos, merecem-me esta explicação.
Tenho andado um pouco arredado destas lides, porque ando em "mudanças",
Voltarei, em breve.
Bacalhau Guisado à Lisboa Antiga
Ingredientes:
Para 4 pessoas
Confecção:
Demolham-se as postas de bacalhau em água fria durante uma noite.
Lava-se e corta-se o tomate às rodelas. Faz-se o mesmo às cebolas, às batatas e aos alhos.
Escorre-se o bacalhau, escama-se e faz-se em filetes.
Num tacho com o fundo bastante espesso (para não queimar o cozinhado) colocam-se, em camadas alternadas, o tomate, as batatas, as cebolas, o alho e o bacalhau, até se acabarem todos os elementos. A última camada deve ser de batatas. Tempera-se cada camada com pimenta e um pouco de sal.
Junta-se o ramo de salsa atado com as folhas de louro, polvilha-se com o colorau e rega-se com o azeite e a margarina.
Tapa-se o tacho e leva-se a lume brando. Deixa-se cozer sem mexer no tacho. Quando a batata estiver cozida, o cozinhado está pronto.
Não possuindo um tacho com o fundo espesso ou antiesturro, deve colocar-se no fundo do tacho uma camada de ameijoas ou de berbigão, sem areia, ou só as cascas que se guardam de umas vezes para as outras, ou ainda seixos da praia bem lavados. é muito importante não mexer o tacho desde o momento que se leva ao lume para cozer.
Neste Outubro de Sol e de Calor, uma música a condizer.
Hoje, permitam-me, subverto um pouco as coisas e vou deixar-vos uma obra de um amigo, que não é pintura mas sim, escultura.
Ora vejam:
Jorge VIEIRA (1922-1998)
Escultor e desenhador lisboeta, Jorge Vieira (n. Lisboa, 1922, e m. em Évora, 1998) permanece na memória de muitos como autor do monumental
Homem-Sol
erguido no Parque das Nações, para a Expo98. Com as suas hastes atravessando o espaço em múltiplas direcções,
Homem-Sol
constitui uma espécie de testamento-síntese da obra que Jorge Vieira criou ao longo de uma carreira de cerca de 50 anos. Uma obra duplamente pioneira, pela renovação dos materiais escultóricos, como pela renovação poética da linguagem da escultura, que testou nas formas cheias, redondas, de um imaginário pagão trabalhado no barro (touros, crescentes lunares, sóis...) ou na pedra, mas também nas formas austeras, abertas, de linhas e planos estirados no metal, em que o artista experimentou uma redução fundamental da forma a signo.
Já passaram as eleições.
Livres, dizem os políticos, se bem que, para mim, que nasci, cresci e me fiz homem, num outro tempo, a "liberdade" de que estes falam, não é a mesma pela qual eu sonhei e lutei!
Daí que me tenha recordado do Manuel Alegre desse tempo, combativo e actuante, e por isso este poema de hoje, para que, os que o lerem, se não esqueçam do que foi o nosso passado recente.
Direi de meu tempo que havia um S
havia uma sombra e um silêncio
havia um S de sigla e de suspeita
com suas seitas e seus sicários.
Não sei se signo não sei se sina
não sei se simplesmente sujo.
Ou só servil. Ou só sevícia.
Havia um S de Saturno
havia um susto
havia um S de soturno
sobre um S de sol.
De meu tempo direi
que havia um S
de sepulcro.
Sentinela. Sentinelas.
Ou talvez selva. Talvez serpente.
S de sebo e de sebeta: seco seco.
E também senão. E também senil.
Direi de meu tempo
que havia um S
sem sentido.
E também Setembro. E também solstício.
Saga e safra.
Ou talvez semente. Ou talvez segredo.
Havia um S de sal e sílex
havia um silvo
Havia um sílaba ciciada.
E também o sonho: entre suar e ser.
(Como um soluço como um soluço.)
De meu tempo direi
que havia um S
de sol e som.
Havia Setembro e um assobio
Contra um S de sombra e de silêncio.
Manuel Alegre
É assim que o "EXPRESSO", titula a notícia da transcrissão de uma carta, datada de 1940, e escrita por um proeminente açoriano, da época, com destino a um dignatário do Poder Central, em Lisboa.
Excerto de uma carta datada de 12 de Maio de 1940 (Torre do Tombo - Arquivo Salazar ), dirigida a Alfredo Pimenta por Luiz Bernardo Leite Athaide, Director da Secção de Arte do Museu de Ponta Delgada, industrial e agricultor e membro da Legião Portuguesa, sobre o papel da América nos Açores:
" (...) A maldita guerra pode trazer uma ocupação americana destas portuguesíssimas ilhas Açoreanas, e, quem sabe, talvez ainda definitiva. Receio muito que isto venha a acontecer sendo elas, como são, a vanguarda da América em relação à Europa, ficando a meio caminho dos dois Continentes.
Deus nos livre de tamanha calamidade! Por tudo, e ainda porque a América poderia dar a victoria às democracias e, consequentemente, teríamos o alastramento de uma onda comunista que não poderia ser sustida.
Por assim pensar há muito, vejo também, na victoria da Alemanha, a garantia da nossa tranquilidade e da continuidade da nossa civilização, devendo seguir-se para sua consolidação os regimes monárquicos na Peninsula.
Assim, e só assim, é que a obra de Salazar poderia ter continuidade, portanto, ser verdadeiramente útil á nacionalidade. (...)"
Este Verão que teima em não nos abandonar, leva-me a outras paragens e, assim, avanço de encontro a esse símbolo de Moçambique e recordo com saudade a sua imensa gastronomia.
Um apontamento:
Bifes com Molho de Amendoim
Ingredientes:
Confecção:
Temperam-se os bifes com sal e pimenta.
Leve um tacho ao lume com o azeite, as cebolas cortadas às rodelas finas, os dentes de alho pisados, os tomates sem peles nem sementes picado e por cima ponha os bifes.
Tapa-se o tacho e deixa-se cozer.
Quando a carne estiver tenra adiciona-se o amendoim pisado e misturado com 1 dl de água.
Deixa-se ferver para apurar.
Sirva acompanhado com batatas doces cozidas.
Assim, só para arregalar os olhos...
“Metam O burro na gaiola
de doiradas grades
e tratem-no a alpista
se quiserem
- é só um despropósito
Mas esperar dele o trinar
Do canário melodioso
É simplesmente tolo.”
Joaquim Namorado viveu entre 1914 e 1986. Nasceu em Alter do Chão, Alentejo, em 30 de Junho.
Licenciou-se em Ciências Matemáticas pela Universidade de Coimbra, dedicando-se ao ensino. Exerceu durante dezenas de anos o professorado no ensino particular, já que o ensino oficial, durante o fascismo, lhe esteve vedado.
Depois do 25 de Abril, ingressou no quadro de professores da secção de Matemática da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.
Notabilizou-se como poeta neo-realista, tendo colaborado nas revistas Seara Nova, Sol Nascente, Vértice, etc. Obras poéticas: Aviso à Navegação (1941), Incomodidade (1945), A Poesia Necessária (1966). Ensaio: Uma Poética da Cultura (1994).)
Dizem que foi o Joaquim Namorado quem, para iludir a PIDE e a Censura, camuflou de “neo-realismo” o tão falado “realismo socialista” apregoado pelo Jdanov...
Entre muitas outras actividades relevantes , foi redactor e director da Revista de cultura e arte Vértice, onde ficou célebre o episódio da publicação de pensamentos do Karl Marx, mas assinados com o pseudónimo Carlos Marques. Um dia, apareceu na redacção um agente da PIDE a intimidar: “ó Senhor Doutor Joaquim Namorado, avise o Carlos Marques para ter cuidadinho, que nós já estamos de olho nele”...
No concelho da Figueira – considerava-se um figueirense de coração e de acção – chegou a ser membro da Assembleia Municipal, eleito pela APU.
Teve uma modesta residência na vertente sul da Serra da Boa Viagem. Essa casa, aliás, serviu de local para reuniões preparatórias da fundação do jornal Barca Nova.
Muito mais poderia ser dito para recordar Joaquim Namorado, um Cidadão que teve uma vida integra, de sacrifício e de luta, sempre dedicada á total defesa dos interesses do Povo.
Nos dias 28 e 29 de Janeiro de 1983, por iniciativa do jornal Barca Nova, a Figueira prestou-lhe uma significativa Homenagem, que constituiu um acontecimento nacional de relevante envergadura, onde participaram vultos eminentes da cultura e da democracia portuguesa.
Na sequência dessa homenagem, a Câmara Municipal da Figueira, durante anos, teve um prémio literário, que alcançou grande prestígio a nível nacional.
Santana Lopes, quando passou pela Figueira, como Presidente de Câmara, decidiu acabar com o “Prémio do Conto Joaquim Namorado”.
NOTA:
Aos eleitores de Lisboa, chamo a vossa especial atenção para o último parágrafo da nota biográfica do autor.
Nela está contida toda a vontade e acção que um dito candidato à autarquia lisboeta tem para com a CULTURA.
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