
Poder-se ia dizer que é um clássico, sim é verdade mas também era um alerta e poucos de nós o prespectivava.
Ouçam-no com o mesmo gosto que eu aqui o deixei e, não deixemos a FESTA murchar!!!
Antes da partida para o continente, deixo-vos com a poesia de António Gedeão.
Dez réis de esperança
Se não fosse esta certeza
que nem sei de onde me vem,
não comia, nem bebia,
nem falava com ninguém.
Acocorava-me a um canto,
no mais escuro que houvesse,
punha os joelhos á boca
e viesse o que viesse.
Não fossem os olhos grandes
do ingénuo adolescente,
a chuva das penas brancas
a cair impertinente,
aquele incógnito rosto,
pintado em tons de aguarela,
que sonha no frio encosto
da vidraça da janela,
não fosse a imensa piedade
dos homens que não cresceram,
que ouviram, viram, ouviram,
viram, e não perceberam,
essas máscaras selectas,
antologia do espanto,
flores sem caule, flutuando
no pranto do desencanto,
se não fosse a fome e a sede
dessa humanidade exangue,
roía as unhas e os dedos
até os fazer em sangue.
Hoje, uma sugestão diferente.
Trata-se de um licor tradicional que me habituei a tomar como um digestivo da maior qualidade. Para além de se fazer em casa, o que lhe empresta um cariz especial.
Experimentem, não é difícil e vão ver que o difícil, é vê-lo terminar!!!
Licor de Leite
Ingredientes:
• 1 kg de açúcar ;
• 1 litro de álcool a 70 graus ;a)
• 8 paus de chocolate ou 8 cigarros de chocolate (60 g) ;
• 1 limão ;
• 1 vagem de baunilha ;
• 1 litro de leite cru ;
• filtros de papel
NOTA: a) Há que faça com aguardente
Confecção:
Num recipiente de boca larga (ou um garrafão) deita-se o açúcar, o álcool, a baunilha, o chocolate raspado, meio limão com a casca cortado em bocadinhos, meio limão descascado e cortado em bocadinhos. Adiciona-se finalmente o leite, mexe-se com uma colher de pau (ou chocalha-se) e deixa-se ficar de infusão, tapado, durante 15 dias, mexendo todos os dias.
Passado este tempo, retiram-se os pedacinhos de limão com uma escumadeira e filtra-se o preparado a pouco e pouco, retirando cuidadosamente os resíduos. Se o filtro se romper, volta a filtrar-se o licor de modo a obter-se um preparado límpido.
Os resíduos reservam-se para a preparação do pudim de Natal.
Há quem retire todas as peles brancas ao limão para evitar que o licor amargue.
Este licor prepara-se a tempo de estar pronto para a festa do Natal.
Para ouvirem e meditarem.
Estamos nessa!!!
Isto, é um exercício de memória.
As "cestas" passam para o Sábado.
Assim, dou por mim, de volta a Moçambique, onde repousam algumas das minhas esperanças e sem exitar, me encontro com o Craveirinha em qualquer lugar desse país irmão.
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JOSÉ CRAVEIRINHA
(1922-2003)
Nasceu em Lourenço Marques (atual Maputo, Moçambique).
Autodidata, desempenhou diversas actividades tais como funcionário da Imprensa Nacional de Lourenço Marques, jornalista, futebolista, tendo também colaborado em diversas publicações periódicas, nomeadamente O Brado Africano, Itinerário, Notícias, Mensagem, Notícias do Bloqueio e Caliban.
Foi preso pela PIDE, mantendo-se na prisão durante 5 anos. Posteriormente após a independência de Moçambique foi membro da Frelimo e presidiu à Associação Africana.
Recebeu o Prêmio Alexandre Dáskalos, o Prêmio Nacional, em Itália, o Prêmio Lótus, da Associação Afro-Asiática de Escritores e o Prêmio Camões, em 1991. É um dos mais reconhecidos poetas da língua portuguesa e um dos maiores escritores africanos.
Obra: Xibugo, 1964; Cântico a um Dio de Catrane, 1966; Karingana Ua Karingana, 1974;
Cela 1, 1980 e Maria, 1988
APARÊNCIAS
Amigos!
Apesar das aparências
estarem de acordo com as circunstâncias
não sou eu quem morre de medo.
Antes
Durante
E após os interrogatórios
(Inclusive nos quotidianos trajectos de jipe)
a minha língua é que se torna de papel almaço
E minhas desavergonhadas rótulas de borracha
Coitadas é que tremem.
Ao bom evangelho dos cassetetes
ouvir avoengos pássaros bantos
cantarem algures nos ombros
velhas melodias de feridas.
E depois
à sedutora persuasão das ameaças
pela décima segunda vez humildemente
pensar: Não sou luso-ultramarino
SOU MOÇAMBICANO!
Será suficiente esta confissão
Sr. Chefe dos cassetetes
da 2ª. Brigada?
Depois de algum tempo de clausura eis que faço um regresso, cheio de saudade.
Coisa que o Jorge Palma, vai ajudar a mitigar.
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