Terça-feira, 15 de Setembro de 2009
Como sabem, estou de férias mas este facto, não me impede de estar atento e de valorizar o que merece ser valorizado.
Não vou discorrer mais, sobre o filme em causa, soa a falar da própria casa, por isso vou dar a palavra a outros e neste caso particular a uma amiga, a Emiéle do Pópulo, deixando-lhes o texto que dedicou a esta obra, do Zeca Medeiros.
É aquilo a que se chama, um "copy paste" integral, mas, com todo o merecimento. Eu, fiquei sem palavras!!!

Foi graças ao aviso do amigo José Palmeiro, (alentejano mas açoriano por afinidade) que não o deixei passar.
A verdade é que, apesar de a rtp2 ser o canal de tv que vejo com mais frequência, mesmo assim não estou atenta a tudo o que por lá passa e acontece arrepender-me ter deixado escapar uma ou outra emissão que era importante ver. Não foi o que aconteceu este Domingo, depois das 10:30. Como estava prevenida, pude assistir ao filme «ANTHERO - O PALÁCIO DA VENTURA»
Um filme português. Um filme açoriano.
Isto no melhor dos sentidos. Dos Açores nos têm vindo grandes pensadores, escritores, actores, artistas plásticos, poetas, cantores, e até realizadores como se prova com este filme.
Reflectir sobre o que foi Antero de Quental, o seu pensamento, a sua vida, a sua obra, a sua morte, era uma grande empresa. A que José de Medeiros e uma bela equipa deitou mãos. Com sucesso inquestionável!
A fórmula encontrada foi inteligente: não vimos um «filme histórico-biográfico», nem foi uma fantasia, descobrimos um filme-dentro-do-filme, mostraram-nos como se constrói um filme os seus alicerces, os seus bastidores.
Vamos, durante hora e meia, acompanhando uma equipe de tv desde a análise do tema, a discussão de como se vai processar a filmagem, a escolha dos momentos e dos actores, a questão financeira,
e vamos apreciando simultâneamente o ‘resultado’ das escolhas que vão sendo feitas. Antero aparece-nos através dos depoimentos dos seus amigos e conhecidos, recolhidos por alguém que lhe quer escrever a biografia, e também por aquilo que vai revelando de si mesmo pelos seus textos e poemas.
Antero, já o sabemos é uma personalidade riquíssima, com facetas que como notou António Sérgio no prefácio aos Sonetos, que vão do ‘luminoso’ ao ‘nocturno’ (hoje, talvez se lhe chamasse bipolar...) e isso perpassa em todo o filme. Paixões, verdadeiras paixões e não apenas no sentido amoroso, marcaram-lhe toda a vida. O homem que dá 7 minutos a Deus, durante uma tempestade, para que o fulminasse, mas que também escreve «Na mão de Deus, na sua mão direita / Descansou afinal meu coração»
....
E o filme de José de Medeiros consegue dar-nos essa riqueza, essa personalidade fascinante e dividida. Muito bem apoiada a realização por um grupo de actores que se sentia estarem ali de alma e coração, viverem os seus papeis intensamente - para além da sorte (?) do actor-Antero ser, fisicamente, igual à imagem do poeta!
Parabéns cinema.
Parabéns Açores.
PS - «Mas, excelentíssimo senhor, será possível viver sem ideias? – esta é que é a grande questão» (Antero na 'Questão Coimbrã')... e tão actual!
De Maria a 15 de Setembro de 2009 às 16:33
Tal como tu - "fiquei sem palavras" (embora não se notasse eheh ), emocionada.
A Emiéle merece e o seu excelente texto sobre o filme - é tão bom saber-se que há pessoas assim - sensíveis e merecedoras de todo o nosso esforço, como o que tivemos de fazer para levar a cabo este projecto e, como tu sabes, não foi tarefa fácil. Os nossos amigos, comentadores, mostraram bem o seu interesse pelo filme, fiquei muito feliz como já disse no Pópulo - tivemos um público excelente.
Para ti e sobretudo para o teu filho - André Medeiros Palmeiro - o co-argumentista, o assistente de realização, o actor e, também, o sobrinho do Zeca Medeiros - muitos parabéns e venham mais projectos.
Obrigada!
Que poderei eu dizer depois de tudo isto?
Nada, a não ser dar-te um beijinho pelas calorosas palavras que aqui deixaste.
Que venham mais projectos e acima de tudo que os que estão feitos e comprovadamente de qualidade, sejam difundidos com o carinho e com a compreenção do que representam para a ficção nacional.
De mary a 15 de Setembro de 2009 às 18:12
É engraçado ver este texto nos dois lados e com fundos diferentes.
Apeteceu-me deixar aqui um comentário não apenas para dizer que tinha passado por cá, mas porque achei graça a que o meu nick (que é mesmo nick) seja Mary e o comentário se siga ao da ... Maria! Ehehehe!!
E parabéns, Maria! e ti e a todos os que colaboraram. Nota-se bem, como disse a Emiéle que o fizeram com amor e entusiasmo. E isso transparece, para além do profissionalismo, é claro. A Céu Guerra, uma senhora do Teatro que aqui se mostra excelente como quase sempre, mas a verdade é que os colegas que a rodeiam não a deixam 'isolada', as interpretações são mesmo muito boas.
E, claro, que o facto de terem conseguido um actor que é a cara do Antero, ajudou imenso. Até parece que o estamos a ver.
De Maria a 16 de Setembro de 2009 às 15:21
Muito obrigada, ficamos sempre muito felizes quando o nosso trabalho é reconhecido, mesmo que não se goste mas que, pelo menos, se saiba avaliar o trabalho -fazendo uma crítica construtiva. No seu caso, Mary , percebi que tinha gostado:))
Quanto ao actor Raul Resendes foi a escolha certa, pelo seu perfil físico e também por ter desempenhado, a meu ver, magnificamente.
Um abraço.
Mary, obrigado!
Ficamos todos muito felizes por teres gostado. Quanto ao Antero actual, o Raúl Resendes, para lá da incrível parecença, realço, tal como a Maria a sua excelência de actor e sobretudo de pessoa.
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