Não se trata de obituário, mas sim de referir o desaparecimento de alguém, para quem o TEATRO, era a vida, refiro-me, a Augusto Boal, um brasileiro, filho de português que nos anos setenta nos brindou com a sua passagem e trabalho na Barraca, que, ajudou a fundar, conjuntamente com a Maria do Céu Guerra e o Helder Costa.
Deixo, AQUI, a notícia e aproveito para referir que só lutando se conseguem os resultados pertendidos. Nunca esqueçamos o seu exemplo.
CARTAZ, DA PEÇA DE AUGUSTO BOAL, LEVADA Á CENA, EM ESTREIA MUNDIAL, POR "A BARRACA", QUANDO DA PASSAGEM DO 30º ANIVERSÁRIO.
PALAVRAS DE HELDER COSTA:
HERANÇA BENDITA
Boal regressa à Barraca. Boal, um cavaleiro andante de boa memória, um artista criador e subvertor do Teatro, da comunicação, da acção social, cívica e política.
Boal, o mestre com que a BARRACA teve a felicidade de aprender nos primeiros passos, um irmão mais velho que teve a ternura e a compreensão para o desejo de Risco e Descoberta do Novo desse grupo recém-nascido.
É um facto feliz que o nome Augusto Boal entre novamente no nosso repertório no ano em que comemoramos 30 anos. E é uma honra que nos tenha escolhido para fazer a estreia Mundial da sua ultima peça “A Herança Maldita”.
Boal dá o nome de “bulevar macabro” a este texto; corresponderá para o nosso vocabulário Europeu a “comédia negra”, ou seja “Black comedy” (pois, como Boal faz dizer a um dos seus personagens “hoje só se fala Inglês, acentos, parágrafos, etc., tudo é em Inglês”.
A história fala das relações actuais, familiares ou não, totalmente dominadas pelo dinheiro; digamos que se trata de um “close up” da ideologia económica neo-liberal que conduziu à globalização Universal.
A peça faz rir, faz rir muito. E também faz pensar. Como todos os espectáculos que A Barraca montou durante a sua já longa existência.
Foi um feliz reencontro com o nosso primeiro companheiro de viagem. Que ficará muito feliz por voltar a encontrar o público que o aplaudiu e adorou.
Helder Costa